As grades já não impedirão
o acesso à arte em Joinville. Agora, pelo menos uma vez por mês, os
detentos do sistema prisional terão sessões de cinema. O projeto “Cinema
na Execução Penal” quer contribuir para o resgate da autoestima e da
capacidade crítica dos apenados. Além de, por meio da linguagem
audiovisual, trocar a ociosidade pela integração social e assistência
educacional.
“O cinema é reconhecido
como arte, por isso está contido na Educação, direito de todos e dever do
Estado, e visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, considerou o
juiz João Marcos Buch, titular da 3ª Vara Criminal e corregedor do sistema
prisional do município.
Idealizador da iniciativa,
Buch espera que a direção prisional de cada unidade implemente o programa
até a primeira quinzena de setembro. De acordo com a portaria 22/2013, que
institui o projeto, já existem salas com a possibilidade de adequação para
exibição de filmes.
A participação dos
reeducandos será de forma voluntária e com base na recomendação da direção
prisional. Assim como a escolha da película, que deverá ser avaliada
previamente pelo corpo técnico das unidades prisionais e catalogada após a
exibição. A aquisição dos títulos poderá ser feita por doação, locação ou
empréstimo, independente da formação de uma cinemateca própria, através de
recursos legais.
“Há um ilimitado número de
filmes que podem ser, através do projeto, apresentados aos detentos como
entretenimento e como instrumento para o resgate da dignidade”, espera o
magistrado. Entre os filmes que pretende exibir está “César deve morrer”,
um drama italiano que mostra a peça teatral "Júlio César", de William
Shakespeare, encenada por um grupo de prisioneiros da prisão de segurança
máxima Rebibbia, localizada em Roma.
A função social da arte
sempre contribuiu para melhorar a consciência do indivíduo e promover
transformação. Os filmes, segundo o professor e advogado Nielson Ribeiro
Modro, permitem dezenas de possibilidades: as de interpretação das
imagens, a reconstrução dos períodos históricos, as relações pessoais,
interpessoais e sociais e, ainda, os possíveis valores morais, éticos,
educacionais e didáticos.