sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Projeto leva cinema para detentos em Joinville

As grades já não impedirão o acesso à arte em Joinville. Agora, pelo menos uma vez por mês, os detentos do sistema prisional terão sessões de cinema. O projeto “Cinema na Execução Penal” quer contribuir para o resgate da autoestima e da capacidade crítica dos apenados. Além de, por meio da linguagem audiovisual, trocar a ociosidade pela integração social e assistência educacional.
“O cinema é reconhecido como arte, por isso está contido na Educação, direito de todos e dever do Estado, e visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, considerou o juiz João Marcos Buch, titular da 3ª Vara Criminal e corregedor do sistema prisional do município.
Idealizador da iniciativa, Buch espera que a direção prisional de cada unidade implemente o programa até a primeira quinzena de setembro. De acordo com a portaria 22/2013, que institui o projeto, já existem salas com a possibilidade de adequação para exibição de filmes.
A participação dos reeducandos será de forma voluntária e com base na recomendação da direção prisional. Assim como a escolha da película, que deverá ser avaliada previamente pelo corpo técnico das unidades prisionais e catalogada após a exibição. A aquisição dos títulos poderá ser feita por doação, locação ou empréstimo, independente da formação de uma cinemateca própria, através de recursos legais.
“Há um ilimitado número de filmes que podem ser, através do projeto, apresentados aos detentos como entretenimento e como instrumento para o resgate da dignidade”, espera o magistrado. Entre os filmes que pretende exibir está “César deve morrer”, um drama italiano que mostra a peça teatral "Júlio César", de William Shakespeare, encenada por um grupo de prisioneiros da prisão de segurança máxima Rebibbia, localizada em Roma.
A função social da arte sempre contribuiu para melhorar a consciência do indivíduo e promover transformação. Os filmes, segundo o professor e advogado Nielson Ribeiro Modro, permitem dezenas de possibilidades: as de interpretação das imagens, a reconstrução dos períodos históricos, as relações pessoais, interpessoais e sociais e, ainda, os possíveis valores morais, éticos, educacionais e didáticos.